terça-feira, 16 de outubro de 2007

Retrospectiva 2 Congresso de Jornalismo Ambiental em Porto Alegre

O congresso que ocorreu entre os dias 10 e 12 de outubro em Porto Alegre, RS levantou questões de extrema relevância para a qualidade de vida da espécie humana no Brasil e no mundo, especialmente diante das mudanças climáticas que já ocorrem e prometem aumentar nos próximos anos. Na última tarde de palestras foi discutida a definição de uma teoria do jornalismo ambiental, num painel apresentado pelos jornalistas Hernan Sorhuet e Beatriz Dornelles.
Foi citada a importância da comunicação como um veículo não só informativo como também educativo, os chamados "educomunicadores". Segundo Hernan, a pergunta mais importante a ser respondida em textos jornalísticos ambientais é o "por quê". Ele também afirmou que "o jornalismo ambiental deve abranger todas as áreas e a idéia de meio ambiente deve ser desconectada da idéia de apenas natureza".
No painel de encerramento, as representantes das Ongs (Organizações não governamentais) Greenpeace e SOS Mata Atlântica, Gabriela Michelloti e Ana Lígia falaram do papel dessas organizações na defesa do meio ambiente e responderam a questões sobre o "radicalismo" e a "internacionalização da Amazônia". Foram distribuídos materiais explicativos e enfatizado o papel do profissional de comunicação no sucesso dos projetos.
O congresso encerrou com a definição da próxima sede do evento, em 2008, que será em Cuiabá, MT.

EVENTOS PARALELOS

Na quinta-feira os participantes tiveram a oportunidade de visitar gratuitamente a 6 Bienal do Mercosul, e ao sábado foram realizadas visitas técnicas à Feira de Agricultura Orgânica e um passeio de barco pelo Parque Estadual do Delta do Jacuí (ao redor do rio Guaíba).

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

2 Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental. Terceiro Dia.

Na última manhã do CBJA, o pesquisador Philip Martin Fearnside falou das perspectivas para a Amazônia no século XXI. Sua palestra tratou de temas como escassez de água na região, influência dos ventos e das queimadas sobre o ecossistema local, e os efeitos do efeito estufa na floresta. Rondônia foi citada como sendo a região mais crítica em termos de desmatamento acelerado e segundo Philip, somente as temperaturas elevadas e a escassez de chuvas "já seriam suficientes para praticamente acabar com a Amazônia até 2080". Gráficos ilustraram as previsões científicas para o Brasil e o mundo, e mostraram o "ponto de desiquilíbrio" causado pelo desmatamento que gera a seca. Na sessão aberta a perguntas, o palestrante explicou que reflorestar é muito mais complicado do que evitar o desmatamento daquilo que já existe. Uma área de florestas equivalente ao tamanho de "uma Austrália e meia" seria necessária para neutralizar todo o carbono que produzimos, afirmou ele.
Na sala de Cinema da UFRGS ocorreu paralelamente uma oficina sobre a mídia digital a serviço da preservação ambiental, com Katarini Miguel, da ONG Vidágua de São Paulo. Foi comentada a importância dos meios de comunicação como a internet, na difusão dos trabalhos ambientais e também o papel do jornalista nesse mercado. Paralelamente ocorreu palestra no salão principal sobre o tema: "Cidades Sustentáveis". O Congresso vai encerrar esta noite, ás 19hs.















Gráfico sobre mudanças de temperatura: mancha vermelha na Amazônia.

2 CONGRESSO DE JORNALISMO AMBIENTAL. SEGUNDO DIA.


O Segundo dia de congresso iniciou com a conferência sobre mudanças climáticas, com os palestrantes José Marengo e Jefferson Cardia(foto). Marengo, que é doutor em meteorologia chamou atenção para o que chama de "enfoque fatalista" dado pela mídia às questões ambientais e que acaba gerando descrença por parte da população. O glaciólogo Jefferson Cardia citou alguns dos erros mais comuns da imprensa, relacionados à falta de conhecimento básico sobre o assunto e conceitos equivocados. "Calotas polares" por exemplo, é uma denominação equivocada comumente dada pela imprensa ao que na verdade são"mantos de gelo", esclareceu Cardia.
Outro erro comum, lembra o glaciólogo, é achar que o gelo da Antártica está derretendo, quando na verdade a porção significativa de gelo marinho que está derretendo é no Ártico. Ambos os cientistas chamaram atenção para uma preocupação em comum: o público leigo não sabe diferenciar o que é puro achismo opinativo, do que é uma notícia com base científica. E na maioria das vezes o jornalista, formador de opinião, é o responsável por estas confusões que geram tantas preocupações desnecessárias e falta de acões efetivas.
No momento aberto a perguntas foram comentados os filmes "O Dia depois de Amanhã", considerado pura ficção alarmista sem qualquer base científica e "Uma Verdade Incoveniente", de Al Gore, o qual foi considerado bom informante e parabenizado por chamar atenção (mesmo que ao modo hollywoodiano) para as mudanças climáticas de forma mais correta, do ponto de vista científico. "O filme deixa claro que Al Gore tem um bom grupo de assessoristas cientistas", afirmou Jefferson.

Paralelamente aos painéis principais ocorreram oficinas, como a misitrada por Fabrício Fonseca que traçou um rápido perfil histórico do jornalismo científico e ambiental no Brasil e no mundo. E a mostra sobre "produção de videodocumentários ecológicos", conduzida por Domingos de Carvalho que falou do processo de pesquisa e produção desse tipo de mídia, mostrando e debatendo o vídeo Rio das Contas, filmado na região da Chapada Diamantina.

O painel da tarde foi sobre a sustentabilidade dos veículos ambientais de comunicação e gerou intenso debate sobre o que fazer frente à necessidade de publicidade para manter o veículo em circulação mesmo quando o anunciante acaba contradizendo as políticas ambientais da própria mídia na qual anuncia. O encerramento foi sobre gestão das águas, palestra que enfocou o que pode e deve ser feito para reverter o já atual caso de escassez da água no mundo, e como as mudanças climáticas influem também nessa outra questão fundamental à vida humana.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

2 Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental

Ocorreu hoje, às 19hs em Porto Alegre - RS, a abertura do Segundo Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental. A solenidade de abertura durou cerca de 40 minutos e contou com a presença do presidente do Sindicato dos Jornalistas do RS, entre outras autoridades. Na confereência que se deu em seguida, o produtor do documentário: "A Década da Destruição". Adrian Cowell, falou sobre o projeto de documentação do desmatamento na região Amazônica que realizou na década de 80. Ele, que nasceu na Coréia e estudou em Cambridge, na Inglaterra, falou de expectativas positivas para o futuro do meio ambiente no Brasil. Disse também que pode estar sendo um "otimista" e lembrou que sua visão é a de alguém que mora fora do país.

Durante os anos 80, Cowell acompanhou a trajetória de Chico Mendes _ ex-governador do Amazonas e líder na luta dos seringueiros pela preservação das matas locais, que acabou assassinado por inimigos. Após mostrar trechos do documentário e falar da atual política governamental na Amazônia, o palestrante afirmou que evitar o desmatamento é a forma mais eficaz de combater o aquecimento global.
"Dezoito à vinte e cinco por cento de todo o aquecimento global é causado pelo desmatamento", lembrou ele, além de reinforcar que o Brasil é o maior responsável pela destruição de matas nativas entre todos os países.
Mesmo com os dados alarmantes, Adrian afirmou que se observarmos a diferença na política e nas atitudes ambientais realizadas no país desde a década de 80 até hoje, a conclusão é que "estamos no trilho certo" para uma política sustentável. Tomara que ele esteja certo.